Exigências para uma universidade crítica ao racismo
Como Comissão Geral de Estudantes (Allgemeiner Studierendenausschuss, AStA) da Universidade de Münster, nos solidarizamos com todos os estudantes que são afetados pelo racismo (estrutural). Estamos empenhados em uma universidade que critica o racismo, que não se afasta de uma abordagem reflexiva de questões sensíveis e onde todas as pessoas podem se dedicar aos estudos sem ter que temer a discriminação racista. Com a conclusão da série de eventos anti-racistas organizada pela AStA em outubro de 2020, publicamos nossas exigências à Universidade. Assim, esperamos chegar mais perto do objetivo de um confronto sincero e autêntico com o racismo.
Quão branco é nosso ensino?
O que lemos? Quem escreve o que nós lemos? Como os temas são apresentadas no texto? Quem nos ensina? Quem a universidade contrata? Exigimos que a universidade reflita sobre seu ensino e sua equipe de uma forma crítica em relação ao racismo! Ela deve se esforçar para não reproduzir um sistema de educação majoritário branco. Tornar visíveis as pessoas não-brancas no espaço acadêmico e o trabalho concretamente anti-discriminatório deve ser uma prioridade em todo o sistema educacional universitário.
Do you speak English?
Exigimos que a normalização da língua alemã na universidade seja questionada criticamente e que estudantes com primeiras línguas diferentes sejam oferecidos uma ampla variedade de cursos em inglês. Consideramos isto necessário para criar uma oferta educacional que seja justa para todos estudantes!
Eu vejo o que você não vê!
Exigimos que a anonimização dos exames contrarie a discriminação contra pessoas racializadas. A anonimização deve ser feita em todos cursos e todas disciplinas.
Conscientemente ou inconscientemente, expectativas e preconceitos específicos e em parte racializados são associados a um nome. Esta atitude influencia a avaliação de um exame e impede um princípio de desempenho baseado na igualdade de oportunidades.
Agente de anti-racismo da Universidade
Exigimos que o racismo seja reconhecido como um problema e que seja priorizado. Diversas formas de discriminação devem ser consideradas de forma diferenciada – e isto não pode ser feito pelo Departamento de Igualdade com seu foco na igualdade de gênero. Portanto, exigimos um/a agente de anti-racismo na universidade, bem como uma instituição subordinada crítica ao racismo em todos os departamentos.
Assumam atitude
A universidade é uma instituição que desempenha um papel central dentro do contexto social. Vemos como um dever da Universidade de tomar uma atitude sobre eventos sociopolíticos atuais. A falta de um análise crítica do racismo por parte de uma alta autoridade acadêmica sugere que o tema é controverso. Consideramos necessário que a universidade tome uma posição antes de tudo e, além disso, inclua este conteúdo nos cursos oferecidos.
Good Night White Pride
Exigimos um distanciamento resoluto e claro das Burschenschaften! As fraternidades estudantis de direita atacam nossa sociedade democrática e pluralista com seus paradigmas tradicionais xenofóbicos, misóginos, e queerfóbicos. A universidade tem o dever de se distanciar publicamente de tais organizações e de educar o público! Esta é uma exigência mínima para que a universidade torne visíveis seus valores autoproclamados progressistas e anti-discriminatórios!
Sim, temos um problema de racismo!
Exigimos que a Universidade manifeste sua posição anti-racista através de uma política adequada! A universidade deve reconhecer que sua estrutura é direta e indiretamente permeada pelo racismo! A política deve ser uma diretriz para lidar com situações racistas e também refletir e tornar visíveis as estruturas racistas no espaço universitário. Os estudantes não-brancos e a equipe não-branca da Universidade precisam de uma sensação de segurança e do senso de que a Universidade leva a sério suas experiências e seus receios. A política também poderia legitimar um/a agente de anti-racismo e fornecer uma base jurídica.
Glossário
Branco/a
Neste contexto, usamos o termo branco/a como um termo politicamente marcado que não se refere a características fenotípicas, mas que descreve a posição social em uma sociedade estruturada pelo racismo. O itálico e a minúscula são usados para fins de desconstrução e marcam o significado deste termo.
BIPoC
BIPoC significa Black People, Indigenous People and People of Color. Black ou negro/a (em alemão Schwarz) é o termo “politicamente correto e, acima de tudo, auto-escolhido para pessoas negras” (Sow 2009: 20). Indigenous People são “definidos pelas Nações Unidas como os descendentes de pessoas que habitavam um território antes que este fosse subjugado, subordinado ou colonizado por grupos de outras partes do mundo ou antes que seu território se tornasse parte de um estado” (NdM – Glossário). People of Color (PoC) é “uma autodesignação de pessoas que experienciam o racismo, que não são percebidas como brancas, alemãs e ocidentais, nem se definem dessa forma” (NdM – Glossário). Por isso, BIPoC é a (auto)designação escolhida para pessoas afetadas pelo racismo que é usada na literatura descolonial, pós-colonial e anti-racista, entre outras.
Fontes
NdM-Glossar: Indigene, [online] https://glossar.neuemedienmacher.de/glossar/indigene/
NdM-Glossar: Person of Color (PoC), [online] https://glossar.neuemedienmacher.de/glossar/people-of-color-poc/
Sow, Noah (2009): Deutschland Schwarz Weiß. Der alltägliche Rassismus, 5. Aufl., München: Wilhelm Goldmann Verlag.
Mais sobre o tema
Raum und Stimme (Podcast)
A podcast about Afro-German identities. Supported by the AStA. In crisp 30 minute episodes you can get an insight into BIPoC community discourses and how they affect us here in Münster. We – Carlos and Silvia – create space for exchange and articulate two voices on life as BIPoC in Germany.
The podcast is in German.
#unirassismuskritisch (petição)
Não há espaços livres de racismo. Nem mesmo em faculdades e universidades. O racismo (institucional) deve ser reconhecido, nomeado e desconstruído nas faculdades/universidades. O racismo impede a justiça educacional.
#campusrassismus (campanha)
Em 2015, seguindo uma chamada do Grupo Universitário PoC Mainz muitas pessoas compartilharam suas experiências com o racismo institucional por parte dos professores, no campus universitário, em livros didáticos, etc., utilizando a hashtag #campusrassimus. A campanha queria tornar visíveis as realidades dos estudantes afetados pelo racismo e problematizar o racismo institucional.
Trigger Warning: Racismo!
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